Sabes o que é isto?
É uma aula de 1º ciclo dada ao ar livre na escola dos meus filhos. Eles ainda andam na creche e no jardim de infância, por isso eu não conheço esta professora nem sei, ao certo, se isto é uma turma de 3º ou 4º ano (imagino que seja um destes por causa do tamanho dos miúdos). Vi isto a acontecer ao deixar os meus e até voltei atrás para fotografar por ter achado tão maravilhoso. Eles não estavam em “visita de estudo”, como quem vai à horta ver se os feijões já germinaram ou como quem veste os casacos e vai apanhar chuva na cara para aprender o que é o Inverno. Não. Eles estavam em modo “aula”, cada um com o seu caderninho e lápis, deitados no chão ou a encontrar a melhor posição para estudar, aplicados a escrever, atentos ao que alguém dizia, aguardando a sua vez de falar, etc. Aquela professora transferiu a sala de aula para o jardim da escola. Será a isto que se chama trazer as crianças motivadas. Aposto que nenhuma daquelas chega a casa a dizer aos pais que a escola é uma seca.
Eu sei que existe o movimento Dia de Aulas ao Ar Livre, patrocinado pelo Skip e adaptado da iniciativa Empty Classroom Day que nasceu no Reino Unido (e que, por acaso, lá, é amanhã!). Mas isso é uma ocasião, é um evento (até tem patrocinador e tudo). Isto não. Isto é genuíno e acontece sem ser alavancado por marcas ou programas europeus ou financiamentos de outra ordem. Isto é mesmo a escola a ficar moderna, a romper com o tradicional; é o professor sentado no chão em vez de em pé, hirto e expositivo; é os alunos sentados à balda porque é como ficam mais confortáveis, em vez de sentadinhos todos em fileiras viradinhos para a frente de olhos e ouvidos bem abertos para fixar o mais possível tudo o que o professor expositivo está a debitar; é o ar fresco na cara em vez do ar condicionado; é a Natureza, ela própria, a servir de cenário em vez de representações da Natureza em posters afixados nas paredes; é o acicatar do espírito crítico em vez do debitar matéria; é o aprender experimentando, na prática, em vez do aprender decorando a teoria; é o fomentar a curiosidade e as mentes inquietas em vez do sossegar e do mandar calar para deixar o professor-todo-sapiente falar; é o deixar ser em vez do formatar.
Mais feliz por saber que isto se passa na escola que escolhi para os meus filhos, só quando souber que isto se passa nas escolas todas deste país.
Obrigada pelo testemunho e pelo registo fotográfico ! Eu própria como mãe de um menino que tem o privilégio de estar no 1 ciclo nesta mesma escola recebi ontem o meu filho a sair da escola em verdadeiro estado de felicidade . Contava que esteve ao ar livre a desenhar o que via . Foi mostrar-me onde esteve e o que viu . Sinto que aprendem de uma forma maravilhosa pela fundamental importância que dão ao respeito pelo tempo de aprendizagem de cada um e permitindo-lhes mostrar a forma como conseguem aprender pela descoberta constante através dos seus olhos de crianças :-)
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;)
e parabéns às mães (tu e eu) que se informaram e escolheram a escola dos filhos devidamente fundamentadas e não apenas segundo critérios de localização (morro com o “fica perto de casa!”)
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Oh mas isto já se passa em tantas escolas do nosso país… e o professor hirto, expositivo e todo-o-sapiente está cada vez menos presente na escola… É preciso é deixarem-no abandonar os métodos tradicionais, valorizarem o seu trabalho e confiarem na sua pedagogia! Isso sim, deixava-me feliz…
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Sim, Sim, em cada vez mais escolas! E, concordo, o cenário perfeito é quando os professores querem inovar (dá muito mais trabalho do que meramente debitar) e as direções das escolas/agrupamentos/tutelas adotam pedagogias alternativas. Há muitas escolas que se anunciam alternativas e depois têm professores não tão permeáveis e também há muitos professores a inovar mesmo que não tenham orientações para isso. O ideal era termos as duas coisas juntas em todo o lado! Lá chegaremos! 😉
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