Crónicas do escritório

13h30. Na cantina. Agarras no teu tabuleiro e escolhes o cantinho do salão mais reservado, onde não levas com o ar condicionado e o menos possível com os olhares dos outros. Não estás com pachorra para desfiles e queres limitar a refeição ao momento de renovação de energias em vez de fazer sala. Não fazes questão de te por a par de todas as polémicas da rádio-corredor e agarras-te antes ao facebook.

Nisto, vem o galaró do escritório na tua direção, de tabuleiro em riste, sorriso meio confiante meio sorrateiro, “F.!” Fazes que não ouves e continuas a olhar para o telefone pousado na mesa para te mostrar ocupada e indisponível. Mas ele, que é galaró e vem para o flirt, insiste “F! Olá! Posso fazer-te companhia?

._. *eye roll*

Acho que faz parte do perfil do galaró o ignorar de todos os teus sinais de que estás ali sozinha porque queres, que até aprecias o momento de solidão e que a sua companhia é indesejada.

Educada, mas limitando os sorrisos, levantas os olhos do telefone e dissimulas “Olá, Sr. Galaró! Sim, claro, tudo bem. Devem é estar aí a chegar a Fulana e a Sicrana, mas tudo bem.” e rapidamente voltas a fitar o ecrã do telefone. Caminho cortado, fim da linha, game over, TCHAU Ó CHATO. A tua body language não pode ser mais explícita. O coitado só tem tempo de balbuciar “ah, não, então tudo bem, era só para te fazer companhia! Tudo bem, eu vou ali para ao pé da…” e, ssht, vá de arredar o seu tabuleiro e o seu ar emproado de Don Juan da Baixa da Banheira para outro canto. Vinha para me salvar, portanto, eu que até nem tinha posto o meu ar mais compenetrado no que estava a ler no telefone nem nada… hã-hã…

Fretes? Já tive idade.

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