Jantar de miúdas. Somos só três, que uma delas emigrou. Treco lareco, treco lareco, sempre na converseta, as histórias a encadearem-se umas nas outras, um “espera aí, não te esqueças do que ias dizer, deixa-me só dizer isto“, um “então e que é feito d[aquela pessoa/aquela história de que falámos da última vez/a última polémica das notícias]?”, o empregado a vir ter à mesa sem ser chamado a perguntar se íamos querer cafés, a noção de que já somos as últimas e que estão todos de mãozinhas atrás das costas à nossa espera para poderem fechar e, ok, lá pagamos e saímos. Somos sempre varridas!
Mas galinhagem que se preze não acaba só porque o restaurante fechou, não é verdade? Pois que a conversa tinha muito por onde continuar e, se à mesa estivémos uma hora ou duas, não foi menos tempo que isso que estivémos depois em pé, à porta do restaurante já fechado, a acabar todas as nossas considerações.
Eis que se aproxima um carro e para. Percebi-o pelo canto do olho porque nem desviei o olhar do nosso mini círculo. Também percebi um homem a sair do carro e a dar por ali uma volta a pé. Nisto, vem ele ter connosco. Eram polícias. “As senhoras desculpem… viram por aqui mais alguém?” Não. Ninguém. Só nós. “ah… [constrangido]… nenhum grupo maior, não estava mais ninguém convosco?” Não. Éramos só três mesmo. E eu rouca!, por isso, em bom rigor, até éramos só duas e meia! Tu queres ver que… e, sim, a confirmação: “sabem?, é que tivémos uma queixa por causa do barulho…“, o polícia incrédulo mas a ter que fazer o seu trabalho. Nós a rir! Olhando para todos os lados, o restaurante não fica num prédio de habitação, ao lado, uma sucursal de um banco (fechada, portanto), do outro lado é que realmente começava uma banda de prédios antigos. Explica o polícia que tinha ficado no carro que aquilo faz ali como que um beco, e que faz eco, e que se calhar por isso… Mas, quer dizer, éramos 3!!! E eu rouca!! Não se pode dizer que estivéssemos ali num estardalhaço! Nem nos estávamos a zangar e a pontos de largar à porrada umas às outras, eles viram que aquilo não tinha propósito nenhum, mas lá pediram se não nos importávamos de ir conversar para outro lado…
Ainda podíamos ter pedido que viessem com a maquineta para medir o nosso grau de poluição sonora em decibéis, mas só ríamos. Vejam só! À beira dos 40 é que me vou meter em problemas com a polícia! Expulsa da via pública por conversar. Quão galinhas podemos nós, mulheres, ser? :)
Ahahahahah… as três da vida airada, ali no rés vés da marginalidade :)
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Para mais tarde recordar😂😂😂😂
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