Rotinas = segurança = vida tranquila. Alguém duvida disto?
Quando tens uma rotina, um padrão de comportamentos e acontecimentos, consegues prever o que vem a seguir, consegues planear, consegues minimizar o imprevisto e, portanto, tens uma sensação de segurança, de que tens o controlo, sentes a quietude do que é conhecido, está tudo bem e és feliz.
Pelo contrário, quando te falha o padrão, quando estás à espera que algo aconteça e não acontece, assaltam-te dúvidas “estará tudo bem?”, e não sossegas, não tens tranquilidade, a cabeça está a mil, o coração acelerado e o corpo não obedece ao sono, rejeita o sono, recusas dormir enquanto não recuperares o controlo, enquanto não te assegurares que está tudo bem afinal (ou outra vez).
Se és o adolescente que vai sair com os amigos, por favor faz os telefonemas de check aos teus pais inquietos. Se és o marido ou mulher de alguém e estás em trânsito, não te esqueças de avisar que chegaste bem porque a tua mulher ou marido vai estar à espera dessa tranquilidade. Se és o pai ou mãe que costuma contar a história antes de dar beijinhos de boa noite, conta sempre, mesmo que já passe da hora e o que interessa é que durma. Nem que seja a história mais rápida do mundo, tipo “era-uma-vez-um-coelhinho-que-andava-muito-triste-e-um-dia-encontrou-uma-cenoura-e-percebeu-que-o-que-ele-tinha-era-fome-e-foi-feliz-para-sempre. Vitória, vitória, acabou-se a história! Dormir!!” porque o teu filho vai estranhar se assim não for e vai ficar a tentar perceber se está tudo bem ou não e, com isso, em vez de adormecer rápido, não, ainda lhe custa mais. É contraproducente não contar a história. Se és o pai ou a mãe que os espreme com beijinhos, nunca deixes de o fazer, nem que seja às escondidas quando eles começarem a pedir que não, “Oh mãe não me envergonhes”, porque no fundo toda a gente precisa de sentir que é amado e que, mesmo às escondidas para não parecer mal, essa parte da vossa relação não mudará e tu continuarás a amá-lo como quando o espremias com beijos fosse onde fosse, estivesse quem estivesse. Se és o pai ou a mãe do adolescente que foi sair à noite, mesmo que ele pareça mais feliz se não andares em cima dele, “Oh pai, não me envergonhes!”, combina um código qualquer de mensagens com ele para manteres a proximidade e para ele se sentir seguro e sentir limites. Se és o pai ou mãe de bebés já adultos que liga a confirmar coisas que até já estavam mais que confirmadas, que se desdobra em recomendações e votos de boa viagem e que se despede mil vezes, por favor não quebres esse padrão de telefonemas em excesso porque a tua filha, que até costuma bufar e dizer-te que estás repetitivo, vai estranhar que esses telefonas não aconteçam, vai estar inquieta, de coração acelerado, cabeça a criar todos os cenários (nenhum é bom!) e o corpo sem adormecer até que ligues o telefone outra vez.