Para que eu me lembre, naqueles momentos em que guerreiam, em que se atacam e se ofendem, que lá no fundo o que há é amor puro entre eles. Tal e qual assim, espontânea a ideia dele, espontânea a reação dela. Ora vê:
Eu – (…) porque a Júlia faz anos amanhã (…)
Manel, interrompendo-me – ah! então tenho que fazer um presente para ela mesmo hoje! [frase mal construída; o que ele queria dizer era que tinha que ser naquele dia, que era véspera, que tinha que preparar o presente na escola]
Júlia, que percebe perfeitamente a intenção do mano, encolhe os ombros, inclina a cabeça sobre o ombro e sorri, toda enternecida – ôbigada!
E enquanto (educada) lhe diz este “obrigaaada” assim mesmo, meio arrastado de tão contente que estava, lança-se-lhe nos braços, ele recebe-a, e ali ficam os dois abraçados, ele a oferecer-lhe a intenção de um presente, ela já agradecida por antecipação. E eu, orgulhosa e derretida, já esquecida da arrelia de meia hora antes, junto-me àquele abracinho e quero lá saber se já estamos dentro da sala com mais uma dezena ou duas de pares de olhinhos a mirar-nos.
E isto não fui eu que lhes ensinei. Amam-se genuinamente, desde dentro. Que bom.