Juliês

Quando o Manel tinha um ano e tal, a educadora dele pediu que compilássemos as palavras que ele já dizia e as registássemos exatamente como ele as dizia. No fim desse ano pudemos perceber a evolução – que é muita, naquela idade, é quando desabrocham as palavras todas! Foi muito giro.

Lembrada disso e consciente de que estes primeiros anos passam à velocidade da luz e que há coisas que vamos esquecer (ainda não acho possível ter-me esquecido do “Sussuca”), resolvi registar aqui as coisas que a Júlia diz. Até porque já lhe noto aquele esforço de se autocorrigir (ex: faz muita força para dizer o “g” de “água” e não se ficar pelo “áua”, e quando ainda lhe sai, repete, para dizer com o “g”). Então temos:

Coxalão, coxalões = coração, corações. “Exa é mi’camisa dos coxalões, é?”

Rabiga = barriga

Cagado = sei, congelaste, agora. Também me aconteceu das primeiras vezes que a ouvi dizer isto. Mas é só Juliês para “estragado” 😏 “exe liv’o ’tá todo cagado!!” e o que o livro está é rasgado, por exemplo.

Vaiâmo = vermelho

Julo = azul

Balelo = amarelo

Côrrorroja = cor-de-rosa

Páxalôlô = hoje já diz “pássaro” bem dito, mas com um ano e tal, era a coisa mais querida a dizer isto assim, repetindo sempre a última sílaba e com um toquezinho de sopinha de massa no “xa”. Quis por aqui um ficheiro áudio em que a tinha gravado a dizer “páxalôlô” e sem querer apaguei-o do telefone. E isto já foi há dias. Desde então tenho este post gravado nos rascunhos à espera que se me acalmem os nervos. Já não rosno comigo própria mas ainda sinto como se tivesse havido um incêndio que me tivesse levado a vida toda em memórias. Rai’s partam o digital.

Fagalico = que já é uma evolução do Falalililililililito que dizia no verão em vez de “Frederico”

E depois faz uma coisa adorável que é repetir a primeira sílaba, só a primeira sílaba, da palavra com que está a teimar. Eu explico: imagina uma cena em que o irmão se põe a dizer-lhe que ela não pode comer isto ou aquilo ou fazer isto ou aquilo. O que é que se responde? “Ai posso, posso”, não é?, repete-se a palavra toda. Pois ela não diz assim. Ela diz “ai po-posso” 😃 – “Júlia, não fiques aqui!”, – “Fi-fico!” e por aí fora.

Para acabar – por agora – não quero deixar de registar que quando começou a dizer mais do que as primeiras cinco palavrinhas, trocava o som “q” por “t”. Dizia “té tolo” em vez de “quero colo” ou “tão” para “cão” ou – o pináculo desta graça – “taxo” em vez de carro porque também trocava o som “rr” por um “sh” à sopinha de massa. Hoje em dia já não faz isto, já nem sequer tem a dislexia do “t” pelo “q”, mas eu não quero voltar a vídeos antigos e a sentir vergastadas ao ver e ouvir coisas de que já não me lembrava, como senti quando me voltei a lembrar do “Suca”, e portanto aqui fica. ​

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