O Frederico começou a ir à escola.
Quando o Manel nasceu num agosto, acabando-se-me o horário reduzido no agosto seguinte, pelo menos, ainda equacionámos deixá-lo com os avós naquele período entre o eu voltar a trabalhar (fevereiro) e o início de um novo ano letivo (setembro), mas acabámos por sentir naturalmente que essa não seria a melhor opção. Preferimos não sobrecarregar os avós (uma acabada de se reformar, quão injusto seria por-lhe o menino nos braços?) nem pedir que reorganizassem os seus estilos de vida e focalizámo-nos na parte positiva da escola, a socialização com os pares e com os estranhos. Sabendo que é por volta dos 9 meses que os bebés começam a conseguir distinguir o seu núcleo familiar do resto das pessoas e a “estranhar os estranhos”, preferimos começar a escola logo aos seis meses, salvaguardando a introdução gradual – e ao nosso ritmo – da alimentação complementar ao leite materno. Correu bem esta fórmula, repetimos com a Júlia com o mesmo sucesso, e pois que agora lá vai o xô Frederico pelas passadas dos manos.
Os primeiros dias ainda nem sequer lá come, mas a mamã já não fica lá com ele (só no primeiro dia), já lhe sai do ângulo de visão por um bocadinho. Meia horinha que seja. É para adaptar. Ele, ao espaço, ao ruído e às pessoas; eu, a vir embora sem filho nenhum. (De três que lá deixo, caramba… <– isto agora foi o momento lamechas a que mesmo as mães que conseguem virar costas ao segundo dia têm direito)
Nessa meia horinha e com este sol já tão primaveril, permito-me um luxo: o de não fazer nada e simplesmente osgar (que é um verbo que não existe mas vem de osga, aquela que fica pespegada ao sol por tempo indeterminado).
Caramba, já há gente a fazer praia!… quem me dera não ter onde estar dentro de quinze minutos como aquele senhor que acabou de estender a toalha… e o que será que fazem na vida aquele casalinho de namorados ali ao fundo, ela de biquini, assumindo o dolce far niente, ele de jeans e t-shirt com um ar mais ‘vim aqui só num pulinho’?, trabalharão por turnos? Ainda estudarão? Estarão desempregados?… filhos não terão com certeza… e agora por filho, que idade terá aquele bebé que caminha sozinho ali à beira mar? A mãe, que corre atrás, terá emprego? Se o miúdo já anda, já lá vai a hipótese de licenças de maternidade e são onze da manhã, não deve estar no período de horário reduzido… como é que eles fazem? E estas trintonas que por mim passam no paredão de ténis e roupa de treino? Que vidas tão disponíveis são estas? Eu quando não estou de licença de maternidade estou no escritório metida, faça chuva ou sol. E se estou de licença é porque ou não me mexo com dores por todo o lado de tão grávida que estou, ou ando atrás dos horários dos miúdos e o que me resta são assim meias horinhas para osgar. Não consigo nunca – e já vou na terceira volta – agarrar no meu livro (livros! Ahahaha… que saudades…) e ir para a praia desconprometidamente.
Olhando para esta praia cheia a meio de uma manhã que não é de verão, acho que era capaz de me adaptar a isto também. Que chatice o tempo livre e dinheiro no bolso só vir com a idade da reforma em que já não estás no auge da vida para o aproveitar em pleno!…