Outra deste género que me aconteceu foi à porta de um hospital público onde o estacionamento é todo pago, exceto nos três lugares dedicados a grávidas, pessoas com crianças de colo e pessoas com mobilidade reduzida e nos dois lugares ao lado destes, para deficientes. Raramente estão disponíveis, claro.
Belo dia, ia eu com o Manel ainda no ovo prontinha para estacionar num daqueles três, e qual não é o meu espanto quando o carro (descaracterizado) à minha frente mo rouba e vejo sair de lá um polícia, fardado, sem qualquer problema de mobilidade. Como abri o vidro e perguntei de maneira bem audível “o senhor polícia não vai estacionar o seu carro aí, pois não?”, ele apressou-se a fazer sinal ao colega que ali estava de serviço, ignorou-me, falaram entre si, ele foi à sua vida com uns papéis debaixo do braço e quem veio ter comigo foi então o colega de serviço: “a senhora estacione ali.” (Num dos lugares para deficientes)
“Como?! Mas eu não tenho dístico de deficiente, deixar o meu carro ali é cometer uma infração, como a que o seu colega acaba de fazer. Eu fico muito mais confortável se trocarmos: põe o seu colega o carro dele no lugar de deficientes e resolvem vocês se aparecer algum a precisar e deixa para mim o das pessoas com crianças ao colo, que é o correto.”
“Estacione ali, permito-lho eu.”
“E quem me garante que ainda cá estará no fim do dia quando eu voltar e não tenho que explicar, só por minha honra, que foi o senhor que mo permitiu?”
“Estarei cá eu. Estacione ali.”
E, eu, olha, que pusesse a viola no saco. Se dúvidas houvesse, no mesmo balcão de atendimento a que eu fui, lá estava o senhor polícia da infração uns lugares à frente na fila para tratar dos seus papéis! Ou seja, não é que fosse ali em serviço (apesar de fardado), foi mesmo tratar da vidinha e deu-lhe uma jeitaça a farda e as connections!
Passou-se comigo. Ninguém me contou.