Eu e a bola

Ontem não vi (noites agitadas, as últimas, nem vamos falar disso). Mas há uma série de questões que se me assolam o pensamento nisto da bola e que passo a partilhar neste dia de mais um empate seguido de vitória por penalties. Às tantas é coisa que a ti também te tira o sono e haverá que falar sobre isto!

– porque é que tudo o que é comentador português (não há a desculpa de sotaque) chama o rapaz de Rónaldo, como se fosse sucessor do brasileiro (o gordo com dentes de mentiroso, que eu sei que o Ronaldinho é até contemporâneo do nosso), como se o nome Ronaldo, pese embora feio (particularmente quando conjugado com outro feio como Cristiano) não existisse também em Português?

– por falar nele, eu percebi o aparelho nos dentes aos 19 (Oh, sim, por favor, era uma necessidade urgente). Também percebo o tronco em V e os músculos todos em evidência (e gosto). Já os brincos nas orelhas, tolero e o excesso de Dior lamento. Mas o que eu não percebo mesmo é porquê arranjar as sobrancelhas?!

– o meu filho leva os dias com a biqueira dos sapatos colada a uma bola. Joga à bola incessantemente. Agora até quer fazer truques, diz-me “mamã, mamã, olha” e chuta de joelho, de cabeça (ainda vai prá frente em vez de cabecear de baixo pra cima e outro dia até ia batendo na esquina da mesa!), dribla (já lhe expliquei que isso não é no futebol) e faz fintas (quando sem bola, faz muitas à irmã). Quer isto dizer que eu ainda vou ser a próxima Dona Dolores?

– porque é que o Reino Unido entra com três equipas no euro?! É Inglaterra, é País de Gales, é Irlanda do Norte… É pra compensar sair da UE, é?

– e porque é que nós não nos inscrevemos também com uma equipa de Portugal e outra Portugal Além Mar, por exemplo? É porque depois o RÓnaldo tinha que jogar pelos insulares por ser madeirense e isso não dava jeito?

– o resgate do Moutinho para a equipa nacional foi cunha dos senhores da MacDonald’s? Então foi o quê?

– e quem são Anthony Lopes, José Fonte, Raphael Guerreiro, Cédric, André Gomes? Tudo tenrinhos que eu nunca tinha visto na vida (não jogam cá, com certeza já são fruto do “não sejam piegas e emigrem” do Passos Coelho) mas que parece que estão para o Euro 2016 como o Vitor Baía, o Figo, o Rui Costa, o Nuno Gomes, o Fernando Couto e afins estiveram para a “geração de ouro”.

– tu qu’és ver qu’ainda vamos ganhar isto sempre a empatar?!?!?! Era lindo! Disparava o índice de AVCs nos hospitais, porque já se sabe que nesta fase não dá pra ser empate puro e duro, tem que se decidir nem que seja por penalties. Mas levar isto à força de empates até à taça era suí géneris. Tipo o Miguel Relvas ganhar e perder a licenciatura na secretaria e no tribunal, respetivamente, ’tás a ver?