Eu fico espantada com a quantidade de pais com quem me cruzo nas escadas e nos corredores da escola a quem quase tenho que olhar nos olhos e parar para dizer bom dia e receber o cumprimento de volta. É de mim, ou isto devia ser o básico da boa educação? Sou eu que sou filha de beirã e que por isso tem uma educação mais “antiquada” e que, à moda dos citadinos, as coisas não se fazem assim? Há prejuízo em dizer voluntariamente um bom dia a com quem connosco se cruza? Não causa maior prejuízo a vergonha por não terem tomado a iniciativa? Não causa mais prejuízo o exemplo que estão a dar às pequenas pessoas que trazem pela mão?
Isto de andar a evangelizar gente adulta sobre o que deve ser a boa educação e os bons costumes desgasta-me.
Outro dia também estacionei num lugar dedicado a grávidas – toda contente com tamanha sorte, porque nunca os há disponíveis! – exatamente ao mesmo tempo que, no lugar ao lado, dedicado a deficientes e pessoas com crianças de colo, estacionava um senhor de meia idade, sem canadianas ou cadeira de rodas, sem dístico de deficiente, sem crianças consigo. Olhou para mim e eu afrontosamente para ele, mas achas que fez alguma coisa? Nada. Aliás, minto. O que fez foi, apercebendo-se de que o meu olhar lhe cobrava bom senso, sacar de um autocolante publicitário daqueles que diz “baby on board” e colocou-o o tabelier! Ridículo.
Preferi não o confrontar porque tinha idade para ser meu pai e porque, se tem estofo para fazer disto, teria muito menos pudor em destratar-me, por muito educada que fosse a minha abordagem. E eu, grávida, com dificuldade de locomoção e em absoluta necessidade de ali estar, não comprei uma briga previsível para não me desgastar ainda mais. Mas reportei a situação no balcão de informações do centro comercial onde estava, eles que fizessem o que quisessem – e pudessem – com a informação, que a gente já sabe que a tal lei que define os conceitos e os limites do bom senso ainda está em período de implementação. Mas fiquei contente quando ouvi no altifalante chamarem pelo condutor do veículo com a matrícula tal e tal.
Não sei o que lhe disse o segurança nem o que argumentou o senhor. Mas sei dizer que, quando saí do shopping, dei com ele, ainda estacionado no mesmo sítio, mas lá dentro do carro, a dormitar. O_O ???!!!! Alguém me encontra explicação possível para isto? Estaria o senhor à espera de netos com idade inferior a dois anos (àquela hora er apouco provável) e por isso se achou no direito de ocupar aquele lugar? De deficientes?…
Há tanto a fazer por cada um no seu mundinho que o Mundo seria certamente um lugar melhor se cada um começasse por si…