Paris

Ultrapassada a barreira inicial do “ok,-é-desta-que-os-miúdos-dormem-nos-avós-mais-do-que-uma-noite” e a barreira seguinte do “serei-eu-capaz-de-me-posicionar-por-mais-de-2h-tão-longe-deles-que-implique-um-avião?”, decidimos que íamos a Paris. Se ficássemos pelo “vá para fora cá dentro”, de certeza que havíamos de ir por menos tempo para não os deixar três noites. Assim, pumbas, avião connosco. E porquê Paris? Porque também não queria abusar e, para primeira vez, preferia um voo direto e curtinho (não fosse o diabo tecê-las…). Também preferia um destino que não conhecesse ainda, já agora. O que é difícil de encontrar aqui a um pulinho de distância porque tenho a sorte de já ter ido a muito lado por esta Europa fora. E até era o caso de Paris, onde tanto eu como o M. já tínhamos ido várias vezes em trabalho. Mas, lá está, em trabalho, nunca em lazer. Tínhamos os dois a mesma sensação de que já lá tínhamos ido sem nunca ter realmente “estado”, tanto eu como ele tínhamos feito aquela coisa de, no fim de uma reunião ou numa hora de almoço, nos metermos no metro, ter ido até ao sopé da torre, ter tirado a foto, e ter vindo embora de novo para a sala de reunião. Eu lembro-me de ter ido à Notre Dame, de ter andado pela “ponte dos cadeados” e jantado em Saint-Michel com um colega espanhol à beira da reforma mais baixo que eu aí uns dois palmos, olha vê tu o romance que imprimi à minha primeira impressão sobre um dos bairros mais carismáticos de Paris! :) Portanto, tendo os dois a mesma sensação de que nos faltava dar uma segunda oportunidade a Paris para que pudessemos ver o que toda a gente vê na Cidade Luz e porque é que lhe chamam a Cidade do Amor, estando mesmo aqui a um voo direto de 2h e pouco de distância, era quase a escolha óbvia.

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Faltava o alojamento. Já se sabe que um 4 estrelas em Paris ou Londres ou na Suíça tem quartinhos de uns 10m2 em que a porta toda aberta já roça na manta da cama e que custará, por noite, o mesmo que uma estadia de uma semana num 5 estrelas de um resort nas América do Sul. Por isso optámos por um Ibis. Entre ter um quarto minúsculo em Paris num hotel bom a pagar o couro e o cabelo e ter um quarto minúsculo em Paris num Ibis onde já se sabe ao que se vai, porque é igual em todo o lado, pareceu-nos melhor ir pelo “sem surpresas”. No fim, o Ibis acabou por nos surpreender bastante pela positiva. Têm a cadeia toda remodelada e com três conceitos diferentes – os Ibis budget, que são mais para quem vai de mochila às costas e que não valoriza nada a dormida; os Ibis styles, que imprimem um certo design a espaços que foram transformados em hoteis; e os Ibis “normais”, aqueles que conhecemos de sempre, edifícios construídos de raís para serem um hotel e que serão, vá, o topo de gama, sendo que a gama não pretende ser mais que 3 estrelas. E a verdade é que dei comigo num espaço super acolhedor e confortável, bonito à vista, asseadíssimo e com um pequeno almoço ótimo, tanto em qualidade dos produtos, como na apresentação, como em variedade (não havia ovos de 1 minuto, ovos de 3 minutos e ovos de 5 minutos, naturalmente. Mas havia ovos! É o que interessa! E uma receita de ratatouille na parede.).

Além disso, o pessoal era simpatiquíssimo – outra boa surpresa e outro mito que deixámos cair sobre os franceses e sobre os parisienses em particular, o de que são uns arrogantes de m**** –  e cumpriu na perfeição o  nosso segundo critério, que era o da localização e da proximidade com o metro, para não perdermos tempo em deslocações: o nosso Ibis Paris Tour Eiffel fica mesmo em frente à estação de metro de Cambronne, a uma distância de 10 minutos a pé da Torre e foi uma excelente base no eixo entre a Torre Eiffel, Saint Germain des Près e os Campos Elísios, perto do rio, da ponte Alexandre III, dos Invalides… super bem localizado.

Do pouco que planeámos, sabíamos que queríamos perder-nos pelas ruas de Saint-Michel e de Saint Germain para jantar, para passear e para namorar. Visitar, mesmo, selecionámos só três ou quatro coisas à partida para não irmos com a ilusão de que íamos ver numa vez tudo o que das outras vinte não tínhamos visto! Irreal, né? Então, como bons turistas que queríamos ser, escolhemos ir a Versailles (eu obriguei-o, eu acho…), subir ao topo da Torre, fazer um cruzeiro no Sena (e com essa cajadada matávamos logo vários coelhos) e, se desse, ver qualquer coisa no Louvre. Mal sabia eu que o querido do meu marido, a pensar no meu aniversário, ainda tinha em mente o jantar no Moulin Rouge.

UAU! Que showzaço! Se não tiveres dinheiro para mais nada, esquece a Mona Lisa, esquece as entradas para isto e para aquilo, vai antes ver as miúdas do Can Can mais famoso do mundo porque vale cada cêntimo, a sério. A luz, a música, a coreografia toda, a postura deles, os adereços (terei lido algures que aquelas miúdas chegam a carregar 20kg de armações para plumas e chapéus?), tudo com uma classe irrepreensível. Chegam a estar mais de trinta bailarinos ao mesmo tempo em palco com aquelas estruturas todas a cintilar e a ondular enquanto correm de um lado para o outro do palco e se cruzam e descruzam uns com os outros e mostram os rabos por baixo das saias aos folhos. Um espetáculo digno da palavra. Ah, e – que caia também este mito – algumas tinham soutien da cor da pele, não era só maminhas ao léu! :)

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Esta foto é nossa, mas mais que isto é impossível – os tipos avisam que quem tentar filmar ou fotografar dentro de portas não só terá o seu device apreendido, como passará pela vergonha de suspenderem o show, tipo param as danças, acendem-se as luzes e há um “oooooooooooh” generalizado pela sala até que tu te enterres no primeiro buraco que conseguires cavar. Não arriscámos. Mas vê aqui o vídeo da página oficial que é um bom resumo e que mostra o sumptuosismo de tudo aquilo, logo desde a decoração típica de cabaret (logo à entrada pareceu-me suster involuntariamente a respiração e senti-me ser transportada para a Belle Époque dos cartazes românticos, dos vestidos armados e dos boudoires).

…à suivre…

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