E se?

Às vezes dou por mim na estrada a acelerar e penso “e se me viro ao contrario já ali à frente? Como seria? Quem ia buscar os filhos à escola hoje e a que horas? E quem lhes manteria as rotinas enquanto o M. tratava de coisas? E saberiam que na minha mala trago sempre os boletins de saúde deles com as datas das próximas vacinas e consultas? E, depois, como seria a vida lá em casa sem mim? Como é que o M. fazia?”

É parvo?

Não sei. Sei dizer que antes de ser mãe nunca pensei em tal coisa, sempre fui uma acelera do pior – o meu pai chama-me Michèle Mouton – e nunca me ocorreu a falta que eu poderia fazer a alguém, aos meus pais, por exemplo. É muito egoísta isto da pessoa se meter a correr riscos sem pensar bem não só em si mas também naqueles que gostam de nós. Já disse isso ao M. também, que tenha cuidado na vida porque a nossa depende dele!

Hoje de manhã fiz o percurso da escola, depois dos deixar, até à entrada de Lisboa em onze minutos, percurso que costuma demorar uns 20, pelo menos. Só um semáforo já de bairro me parou. Até aí serpenteei sempre que pude, ultrapassei com o pé a fundo, nas vias rápidas aproveitei para ir confessamente muito acima do permitido. Vinha a infringir o código da estrada todo e vinha a pensar nisto… e se me falta o controlo ou se falta o controlo a alguém com quem me cruze/ultrapasse/contorne?

Não me orgulho disto. Sei que se sair de casa mais cedo não preciso de correr. Mas nunca consigo. Ponho o despertador para as 6:30 e acordo normalmente passado uma hora, só. É uma hora que perco e que me podia dar muito em termos de organização e segurança, eu sei. E, depois, também me custa muito, muito mesmo, ter que os acordar. São tão pequeninos… Está tanto frio… Se acordarem por si acordam cerca das 7:30, 8h, é muito boa hora para se acordar quando se é criança. O pior é que o mundo lá fora já pulula encasacado e ninguém espera por nós. E para recuperar tempo perdido, posso mesmo ter que perder muito mais que tempo, um dia destes (queira Deus que não *benzendo-me*)…

Hoje a Júlia faz 18 meses e acaba-se-me o horário reduzido. Acho que se nota.

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