A mudança é boa. Ok. Tudo bem. Concordo. Mas aquele bocadinho até que ela se dê… pfuu! :/
A minha amiga J., minha companhia diária, com quem convivo mais horas do que com a minha própria família, que sabe quase como eu a textura e o cheiro dos cocós dos meus filhos e eu dos dos dela, vai mudar de departamento aqui na chafarica. Acabou de entrar aqui na sala com um caixote de papelão para arrumar as tralhas. Estúpida. Faz-me sentir orfã de melhor amiga.
Eu já fiz isto duas vezes. Já encaixotei duas vezes. Da primeira chorei que me fartei porque também “deixava para trás” as amigas-mais-que-colegas do dia a dia – não percebo porque é que a J. não está aqui lavada em lágrimas! Da segunda vez, como já ia numa de alívio, quase que até me mudei aos saltinhos. Por isso tenho que perceber isto que ela está a sentir, toda contentinha a por as suas coisinhas dentro da sua caixinha, e devia ir apagar a frase de cima. Ela vai toda contentinha porque vai para melhor para si. Mas é estúpida e ingrata porque me deixa a mim aqui, sem a presença dela, sem esta sensação boa de que posso olhar por cima do ecrã a qualquer momento do dia para uma piscadela de olho cúmplice que diz mais do que uma conversa cheia de palavras. É culpada de querer ir embora, é culpada de querer melhor.
Sim, sim, percebeste bem. Ela vai só mudar de departamento, nem sequer se vai embora. Vamos continuar a estar juntas às refeições, onde temos e teremos as mesmas conversas íntimas e pessoais, vamos continuar a fazer as voltinhas da hora de almoço e até vamos ter muito mais tema de cuscovilhice. Mas enquanto ela não vai mas também já não está aqui, só me apetece pregar-lhe rasteiras.
(Por falar nisto: LB, a ti também ainda não perdoei. E tu fizeste pior, porque tu saíste mesmo!)
a dos coelhos 