Vitória… depende do ponto de vista

A noite eleitoral foi animada. Muito melhor do que os meus reality shows do coração! :)

Interpreto a vitória do PSD e do CDS como um voto de confiança que os portugueses deram a este governo. Como quem diz “este país não é feito dos grevistas que aparecem nos noticiários; são mais os que não aparecem e esses concluem que não havia senão esta maneira austera, sim, de contornar a bancarrota iminente”. O povo compreende, afinal. E prefere assim. Ainda bem.

Agora… que não se pense que o PS saiu derrotado ontem. Cá para mim, o PS tem agora a faca e o queijo na mão. É o PS que vai desbloquear impasses. O maior de todos será a viabilização do orçamento de Estado e, em consequência, o PS pode mesmo mandar abaixo este governo. Donde, esta faca do queijo é uma faca de dois gumes: ou António Costa mantém uma das suas promessas eleitorais e vota contra o orçamento que o governo da coligação apresentar, o que não será bom para o país, não só porque bloqueia a governação e provoca instabilidade nacional (e em poucos meses seríamos chamados a votar em novas eleições – o que não é necessariamente bom para o partido que o provoca, a história prova-o: quando Mário Soares dissolveu o governo de Cavaco Silva e convocou novas eleições, Cavaco arrancou outra maioria absoluta), ou retira o que disse, negoceia o orçamento até à exaustão, há cedências de parte a parte, a coisa dá-se, mas sob pena de descrédito do PS e do seu Secretário -Geral que, afinal, sucumbe.

Acho bem que Costa não se tenha demitido ontem. Fica-lhe bem não abandonar o barco e, como ele disse ontem, devemos estar para os bons e para os maus momentos (apesar de me ter provocado uma gargalhada nesse momento, que me lembrei logo de quando o chamaram antes a assumir a liderança do PS e ele se mostrou indisponível porque a vitória na CML estava mais certa e pessoalmente era-lhe mais favorável). Mas além disso, acho que fez bem em não se demitir porque, se o fizesse, lá punha o partido outra vez mergulhado numa crise interna. E, lá está, pensando no país, isso não é o que eu prefiro. Por mim, o partido da oposição é sempre forte e estável, tão forte e estável como o do governo, precisamente para equilibrar forças, porque só quando elas estão equilibradas é que há uma verdadeira luta pelo bem comum. E mais transparência.

A meu ver, o PS tem vivido em permanente gestão de crises e questiúnculas internas, com várias fações a degladiarem-se internamente, desde que Guterres se demitiu depois da derrota histórica das autárquicas de 2001. Desde então e salvaguardando o período Sócrates, que é um animal político e funcionou com um penso rápido, o PS tem vivido sucessivas saídas e entradas de diferentes líderes sem que nenhum consiga imprimir carisma e credibilidade. Costa demitir-se ontem era voltar a isto. Ainda bem que não o fez.

Mas tem agora esta difícil tarefa de, ou perder a face perante os seus camaradas, ou atirar o país para a instabilidade. O que é que pesará mais? Com que gume se atirará ele a este queijo?

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One thought on “Vitória… depende do ponto de vista

  1. è isso mesmo . ou é corrido por novo líder que terá que gerar consensos coma PaF, ou, dá o dito por não dito e fica muito mal na fotografia. Não esquecer que gozou com a vitória do PS nas Europeias liderado pelo Seguro porque a vantagem percentual foi ” uma vitória poucochinha” Agora depois do golpe palaciano que deu no Tozé tem uma derrota monumental e não se demite ? Até o Sócrates se demitiu ! E o Louçã, e o Guterres, etc etc.. Perdeu toda a credibilidade. Está arrumado por uns bons anos para a politica…. Graça a Deus, não é meu irmão ?

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