É tudo uma questão de imagem

Escrevo isto hoje, para cumprir com o dia de reflexão amanhã. :)

Aqui há uns tempos estava convicta que o PS ganhava as eleições legislativas assim *estalando os dedos*. O governo da coligação era o mau da fita, o da repressão e da austeridade, já ninguém podia com eles e com as medidas deles, ninguém queria saber se era mesmo importante ir além da troika, as pessoas estavam era fartas de cortes. O PS tinha a vida facilitada. Não tinha que fazer muito mais a não ser contar com o que o governo andava a fazer. Podiam recostar-se nas cadeiras e ficar só a ver.

Quando chegou, o Seguro vinha passarinho, com bom ar, ar de menino justo e honesto, já longe da imagem de boy do Gugu (já te tinhas esquecido, aposto?). Gostava dele. Eis que começa a por as unhas de fora. A mostrar-se todo encrispado com coisas que não valiam a pena. E cá na minha análise – que não sou politóloga nem marketeira política, na verdade, não percebo nada disto e leres isto ou pedires opinião à senhora do mercado vai dar ao mesmo – foi perdendo imagem, foi-se enervando sem necessidade, foi dizendo despautérios, foi-se revelando menos justo e menos focado, mais nervoso. Foi fácil para o Costa tirar-lhe a cadeira.

O Costa, outro que também tinha uma boa imagem, nessa altura pareceu-me um bocado Judas, a tirar o tapete ao camarada… Mas, bom, ainda bem para o PS, que o Seguro, realmente, já se tinha mostrado incapaz e eu, laranjinha que não sou nada “contra” isto ou aquilo (odeio os benfiquistas que são anti-sporting e vice-versa. acho isso parvo. e uma perda de energias, ser-se contra seja o que for. a pessoa deve é ser por isto ou aquilo, isso sim!), achava que, a perder a governação para o PS, que fosse para o Costa, que me parecia muito bem. Aliás, já aqui o gabei, este verão!

Mais uma vez, ele tinha a vida facilitadíssima, só tinha que gerir o ano que faltava até às legislativas e esperar que o governo continuasse com o seu programa (que continuou) e que as pessoas continuassem a estar fartas da austeridade (que continuaram). O problema foi que ele, em vez de se encostar pra trás na cadeira e dizer coisas inteligentes quando lhe perguntassem alguma coisa, foi-se por a fazer coisas. Uma campanha, por exemplo. E que mal que lhe correu a campanha…Em agosto, quando escrevi que tinha gostado muito da sua entrevista à Visão, salvaguardada a opção pelo candidato a PR que, a meu ver, ganhava muito mais em apostar na Belémzinha, não estava a fazer género. Ainda tinha mesmo boa impressão dele. Já me tinha esquecido da judiaria para com o Seguro (que desapareceu, já viste?) e até tinha relevado aquele tiro no pé dos cartazes, considerando que tinha sido só da responsabilidade de maus conselheiros à sua volta. O debate televisivo correu-lhe bem, mas, agressivo, acho que as pessoas hoje em dia só se recordam da galhofa com o “porque é que não o vai visitar?” que, à primeira, foi bem metida, nas insistências já foi palhaceiro e pouco respeitador do conteúdo que se debatia. No debate da rádio já não esteve tão em alta (o mano também achou!)e ultimamente lá está ele, qual Judas, a distanciar-se de tudo o que tenha a ver com Sócrates (de quem foi tão braço direito, também já não te lembravas?), a atacar acerrimamente (a fazer lembrar o conflituoso Sócrates, aliás), a zangar-se muito, a responder com pouco conteúdo, a mostrar-se mais nervoso, enfim, a mandar abaixo a (boa) imagem que (eu) tinha dele enquanto era Presidente da CML.

O PS tinha isto ganho há um ano atrás, sem fazer nada. De repente, já não sei. Têm-se sucedido sondagens e previsões e tracking polls e cada uma diz uma coisa diferente, não consigo dizer quem ganha no domingo, muito menos por quanto. Mas a imagem – que nestas coisas, convenhamos, é o que mais conta (ou tu acreditas que toda a gente foi descarregar os programas de governo e decidir o seu voto depois de os ler?) – tem caído a pique e este já não é o candidato que gabava em agosto e para quem não me importava de perder.

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