As festinhas nos pelos dos meus braços

O meu filho precisa sempre do aconchego da mamã antes de dormir. Mesmo quando vai o pai fazer as rotinas do deitar, ele não adormece se eu lá não for. Sai da cama, sai do quarto, diz que já dormiu tudo.

Dir-me-ás “ui, ui, está aí uma dependência a que tens que por mão”. Seja o que for, desde que eu possa, porque raio não hei de eu ir lá dar-lhe o mimo que o aconchega?

Está tudo muito bem até ao dia em que eu não estiver. Já ando a sofrer por antecipação a pensar nas saídas em serviço… Desde maio de 2012 que não viajo. Fui pra todo o lado e viajei até à ultima – estava a meter-me no avião em Belgrado para vir para casa no dia em que fazia as 28 semanas de gestação, o limite para viajar. Mas daí para cá, entre licenças de maternidade e amamentação e nova gravidez, ainda não aconteceu. Mas há de acontecer. E entretanto o meu filho cresce com a segurança inabalável de que eu lá estarei todas as noites, é só resistir ao sono mais um bocadinho que eu hei de aparecer-lhe.

Também se contam pelos dedos de uma mão as vezes que dormiu em casa dos avós. E foi sempre muito bebé, longe da consciência que tem de tudo hoje em dia. Nunca se proporcionou, nunca foi preciso. (Lá está, saltei muito rapidamente de um estado de amamentadeira para um de grávida com pouca mobilidade e não tive tempo de ir de fins de semana ou de viagens, em serviço ou lazer). Acho graça sempre que me dizem que deixam os filhos nos avós e que “eles ficam lindamente”. Com certeza que ficam. Pra mim a questão não é se eles ficam lindamente; é se eu fico! Como é que eu fico? E apetece-me sempre responder “certo. Mas e tu, ficas lindamente?” só que tenho sempre medo de ser mal interpretada – não é suposto ser uma pergunta retórica, culpabilizadora, que faça o meu interlocutor ficar cheio de remorsos. É mesmo que gostava de saber como é que se fica depois de deixar os filhos, se é possível desligar e ir ao passeio, se depois não se está as férias todas a pensar neles e no que é que estarão a fazer, a comer, com o que estarão a divertir-se?

Apetece-me, sim. E já falámos nisso, em começar devagarinho, com fins de semana só de uma noite e depois passar a duas… Até porque o tempo urge e, não tarda, tenho mesmo que me meter num avião e nem sequer será para ir namorar…

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