Tudo o que a Magda Gomes Dias diz faz sentido para mim. É muito fácil perceber a parentalidade positiva (não confundir com permissividade. É à vontade mas não é à vontadinha!) no Mum’s The Boss. Tem uma conversa estruturada e lógica.
E agora tu dizes-me assim “ah, sim, isso é tudo muito bonito na teoria. Mas na prática é que eu queria ver!” e eu digo-te “então ouve lá esta que me aconteceu ontem:”
Ontem fui a uma sessão do Prof. Mário Cordeiro (outro guru! O guru!) que se chamava “Educar com amor”. Não foi nada uma coisa para me fazer sentir as orelhas de burro a crescer, do género “mas isto é tudo tão óbvio, porque é que eu não pensei nisso antes?!”. Foi descontraído, fluido, animado e variado.
Acabadinha de sair de lá, hora de jantar, encontro o filho de um lado para o outro a brincar, a gritar, a cantar, a escolher um brinquedo e a largá-lo imediatamente a seguir por outro, enfim, a ser uma criança de dois anos. Mas era hora de jantar. Interromper a brincadeira é uma chatice e tem garantia de birra certa. Ouvi o pai dizer duas vezes “Manel, anda prá mesa” e ele, ora, ’tá bem…
Vem a mãe, cheia da teoria que tinha acabado de absorver, e pensou “ora deixa cá ver se isto funciona na prática…” Com os olhos arregalados de quem acabou de ter uma boa ideia e o tom de entusiasmo mais exagerado que consegui disse-lhe “Manel!!! Tu queres vir prá mesa a gatinhar como o gato ou aos saltinhos como o coelho?!” e com um ganda sorriso no fim. Adivinha?
Eu estava assim :o com o resultado, a sério! Eu, que já sou fã destas teorias e que já procuro praticar esta coisa da parentalidade positiva sempre que consigo, estava parva com o quão imediato foi o resultado bem sucedido. Então não é que ele imediatamente para de andar de um lado para o outro, hesita na decisão a olhar para mim com os olhos também arregalados – “hãã…” – e, finalmente decide “quéio i aos sautos como o coêio!”
O_O Eu só pensava “caramba, e não é que funciona mesmo?!”
É tão fácil quanto isto! Não perdendo de vista o foco do meu interesse (ele tinha que vir prá mesa e tinha! não havia alternativa a isso), transferi o poder de decisão para ele e, com isso, entusiasmei-o a fazer o que, em primeira análise, era eu que, queria que ele fizesse e a ele não lhe interessava nada. Sem birras, sem gritos, sem puxões por um braço, com sorrisos e saltos de coelho! E ainda tive um bónus que foi comer sozinho!
Não é a roda reinventada, claro que não. É só que o nosso dia-a-dia é sempre a correr e nunca temos tempo para respirar fundo e encontrar estratégias em dois segundos. Muitas vezes entregamos os pontos e andamos desde manhã a toque de caixa. Mas com as crianças não pode ser assim porque eles não entendem a pressa e a obrigação de ter que ser aquilo naquela hora. Só entendem o que lhes dá prazer. E com certeza que não lhes dá prazer nenhum interromper uma brincadeira para ir lavar os dentes e dormir. Querem lá saber se é importante que a boca não tenhas germes e que o sono seja longo e tranquilo para que o cérebro se desenvolva! Eles querem é andar aos saltinhos como o coelho! Então, se conseguires que ele faça o que é imprescindível mas aos saltinhos, porque não? É tão mais divertido, realmente…
;)