fraquezas (dele e minhas)

O meu filho tem dois anos e meio. Quase três.

(parêntesis desde já para dizer isto: eu O D E I O que eles cresçam. Odeio. Mas assim uma coisa que me vem das vísceras, uma averssão ao crescimento deles que é um horror. Claro que gosto de os ver evoluir, começarem a rebolar-se, depois sentar, depois erguer-se, gatinha, andar, falar, deixar os monossílabos e passarem às pequenas frases, etc. Agora até ando encantada com as frases compostas do Manel. Usa palavras de articulação como “portanto” e “mas”, o besnico feito gente! Diz à irmã “tu és pequenina, putanto ficaj aqui!” :D Adoro isto. Maaaaaaas… odeio a sensação de perda que cada conquista me dá. Se já consegue dizer isto é porque o falar à bebé está por dias. Se já tenho que ir ao separador “toddler” no shopping online, é sinal de que o meu bebé se foi. Se digo “dois anos e meio, quase três” e já não falo em meses é porque é mesmo um toddler que ele é! E depois vejo fotos dele de há um ano e faz uma diferença… estes primeiros anos são de crescimento desproporcional face ao resto da vida! Mas, pronto, isto para dizer que o “quase três” ali de cima me lembrou logo mais uma perdazinha da bebézice dele e que me encanitou logo.)

É todo matulão, sempre foi cheio de tamanho, robusto, um pequeno jogador de rugby em potência. E com a mesma atitude também.

Mas esta noite, cheio de medo do vento, sai do quarto que partilha com a irmã, cuidadoso ao encostar a porta atrás de si para não a incomodar, vem aos passinhos pequeninos pelo corredor, agarradinho ao seu dou-dou e ao seu cordeirinho, chucha na boca, e, ao meu encontro, levanta os olhos e diz baixinho “tem medo do veeento…”

O meu bebé estava ali de volta! Tão bom!

“Tem medo do vento? Oh Manel, não é preciso, o vento é nosso amigo, ele está só a sacudir o pó das folhas das árvores, como se fosse o aspirador! Vamos lá”, e encaminhei-o de novo para a cama. À porta, a sussurrar (os cuidados com a irmã enternecem-me…), para-me e assegura-se “ficas comigo um ‘cadinho?”

Com certeza, meu filho!, então eu, que estou tão agradada por ter de volta o meu bebé, perdoa-me o egoísmo, mas eu estou tão feliz por estares vulnerável e a precisar de mim, lá te ia abandonar? Nem pensar! Eu vou é explorar este teu momento de fraqueza o mais possível!!

Aninhou-se na cama e sossegou porque me sentia ali ao lado (ele tem, aliás, uma mania de ficar a dar festinhas no braço de quem estiver com ele ao deitar, é adorável – “não é por ser meu…” ahahaha!). Mas de repente, ainda sentindo-se inquieto, “mamã, maj andaj aqui pra dentro, com a manta! Ficas aqui mesmo na cama do Manel!”

” Oh filho, dentro?”

“xiim.”

Adivinha lá onde é que eu passei o serão? :) Eu, o Manel, o dou-dou, o cordeirinho, mais o Kiko e o urso azul, estava tudo embalado pelo vento às dez e tal da noite passada!

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